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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

FÉRIAS


Quando chega janeiro, é impossível não pensar em praia, visto que a maioria de nós, mineiros, vai pegar uma onda em uma praia qualquer. Hoje, em tempos de “facebook” então, são inúmeras as fotos da galera na praia. Deve ser por isso que me deu um imenso saudosismo de algum tempo atrás, época de mil novecentos setenta e alguma coisa.

Família grande, de muitos tios, e principalmente muitos primos. Todos em uma faixa etária deliciosa de 7 a 10, 11, 12 anos. Tínhamos uma casa em uma praia do Espírito Santo que estava sendo descoberta, e meu avô, juntamente conosco, era o desbravador. Algumas pouquíssimas residências, um restaurante e uma praia, das mais bonitas que eu já vi, Castelhanos. A nossa casa... bem, a nossa casa era totalmente sem conforto, a mais feia de todas as poucas, mas a nós, meninos, nada disso importava. Éramos tantos que tínhamos que juntar as camas para dormirmos atravessados (só assim caberiam todos). O banheiro era somente um, graaande, mas só um. E como fazer na hora do banho? Sorte, resolveram os mais velhos e muito sábios. Então sorteavam, e o nº 1 tomava banho primeiro e assim sucessivamente. No dia seguinte a ordem invertia e quem era o último ficava muito alegre.

Os nossos dias na praia eram invariavelmente os mesmos: de manhã acordar cedo, tomar café (café com pão e margarina), praia até lá pelas 15h, literalmente torrando no sol (não tinha essa preocupação com a radiação ultravioleta). Íamos embora para casa e, enquanto a meninada tomava banho, os mais velhos faziam o almoço (simplíssimo). Depois disso, uma descansadinha e íamos explorar as matas, as praias virgens, as inúmeras trilhas. Medo de alguma coisa? Não!!! E à noite, o único programa era o Restaurante do Moacir e para ir lá, íamos todos juntos, em grupo, uma pessoa com uma lanterna na mão, pois não havia postes de luz. E aí sim dava medo pois as ruas eram cheias de guruçá – para quem não sabe, guruçá é tipo um siri, só que transparente e corre feito o diabo. Nos meus sonhos eles corriam atrás de mim e subiam pelas minhas pernas.

Há, já ia me esquecendo, no meu caso a minha família não tinha carro, então íamos todos à praia, uma vez por ano, de ônibus. Ele parava em Guarapari e de lá até Castelhanos mais um ônibus até Anchieta, e depois um táxi até nosso paraíso. Alguém reclamava de alguma coisa? Não, e tenho certeza de que foram as melhores férias de nossas vidas.

Hoje, ao sairmos de férias, a preocupação maior é que fiquemos em um hotel de nível superior. O café tem de ter ovos mexidos no mínimo, com frutas, sucos etc. O sol tem de ser tomado até as 10h senão... e, se der, a gente leva até meia fina para desfilar.

Ai que saudade da pureza, da despreocupação, da alegria, e da aceitação de tudo, em que o mais importante era o divertir, a areia no corpo, pegar um jacaré perfeito, ficar esperando uma onda perfeita para furá-la.

Wilmara, Ana, Ivana, Vanise, Ju, Claudinho, Júlio, Rogério, Valéria, Adriana, Lili, Alcione, Biba, Wilhinho, Viviane, Karla, Cleni, Juninho, Marquinho, Janaína, dentre outros, primos queridos que viveram comigo todas essas emoções.

 Saudades de um tempo que não volta mais.



4 comentários:

  1. é amiga! o tempo é isto mesmo ... ficam as lembranças ... amei as fotos ...

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  2. Você conseguiu me achar nas fotos???? Duvido. Este texto está mexendo com minha família e com quem participou de tudo isso... às vezes é bom para dar uma sacudida. Obrigada pelo apoio.

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    1. Eu acho q eu me achei, será que sou eu no colo da babá? Se for me avise.bjins

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  3. GALERAAAAAAAAAAAAAA, ESTE TEXTO SOBRE CASTELHANOS FEZ MUITO SUCESSO, GRAÇAS A DEUS. TEM MUITA GENTE QUERENDO CONTAR MAIS HISTÓRIAS SOBRE COMO TUDO COMEÇOU EM CASTÊ (COMO HOJE É CHAMADA), INCLUSIVE O PORQUE DO NOME BOCA DA BALEIA. MANDEM TODAS AS HISTÓRIAS PARA MIM QUE EU MONTO UM TEXTO LEGAL E POSTO AQUI NESTE BLOG. OK GALERA? ESTOU AGUARDANDO ANSIOSA NOVAS HISTÓRIAS.

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