Quando chega janeiro, é impossível
não pensar em praia, visto que a maioria de nós, mineiros, vai pegar uma onda
em uma praia qualquer. Hoje, em tempos de “facebook” então, são inúmeras as
fotos da galera na praia. Deve ser por isso que me deu um imenso saudosismo de
algum tempo atrás, época de mil novecentos setenta e alguma coisa.
Família grande, de muitos tios, e
principalmente muitos primos. Todos em uma faixa etária deliciosa de 7 a 10, 11, 12 anos. Tínhamos
uma casa em uma praia do Espírito Santo que estava sendo descoberta, e meu avô,
juntamente conosco, era o desbravador. Algumas pouquíssimas residências, um
restaurante e uma praia, das mais bonitas que eu já vi, Castelhanos. A nossa
casa... bem, a nossa casa era totalmente sem conforto, a mais feia de todas as
poucas, mas a nós, meninos, nada disso importava. Éramos tantos que tínhamos
que juntar as camas para dormirmos atravessados (só assim caberiam todos). O
banheiro era somente um, graaande, mas só um. E como fazer na hora do banho?
Sorte, resolveram os mais velhos e muito sábios. Então sorteavam, e o nº 1
tomava banho primeiro e assim sucessivamente. No dia seguinte a ordem invertia
e quem era o último ficava muito alegre.
Os nossos dias na praia eram
invariavelmente os mesmos: de manhã acordar cedo, tomar café (café com pão e
margarina), praia até lá pelas 15h, literalmente torrando no sol (não tinha
essa preocupação com a radiação ultravioleta). Íamos embora para casa e,
enquanto a meninada tomava banho, os mais velhos faziam o almoço (simplíssimo).
Depois disso, uma descansadinha e íamos explorar as matas, as praias virgens,
as inúmeras trilhas. Medo de alguma coisa? Não!!! E à noite, o único programa
era o Restaurante do Moacir e para ir lá, íamos todos juntos, em grupo, uma
pessoa com uma lanterna na mão, pois não havia postes de luz. E aí sim dava
medo pois as ruas eram cheias de guruçá – para quem não sabe, guruçá é tipo um
siri, só que transparente e corre feito o diabo. Nos meus sonhos eles corriam
atrás de mim e subiam pelas minhas pernas.
Há, já ia me esquecendo, no meu caso
a minha família não tinha carro, então íamos todos à praia, uma vez por ano, de
ônibus. Ele parava em Guarapari e de lá até Castelhanos mais um ônibus até Anchieta,
e depois um táxi até nosso paraíso. Alguém reclamava de alguma coisa? Não, e
tenho certeza de que foram as melhores férias de nossas vidas.
Hoje, ao sairmos de férias, a
preocupação maior é que fiquemos em um hotel de nível superior. O café tem de
ter ovos mexidos no mínimo, com frutas, sucos etc. O sol tem de ser tomado até
as 10h senão... e, se der, a gente leva até meia fina para desfilar.
Ai que saudade da pureza, da
despreocupação, da alegria, e da aceitação de tudo, em que o mais importante
era o divertir, a areia no corpo, pegar um jacaré perfeito, ficar esperando uma
onda perfeita para furá-la.
Wilmara, Ana, Ivana, Vanise, Ju,
Claudinho, Júlio, Rogério, Valéria, Adriana, Lili, Alcione, Biba, Wilhinho,
Viviane, Karla, Cleni, Juninho, Marquinho, Janaína, dentre outros, primos
queridos que viveram comigo todas essas emoções.
Saudades de um tempo que não volta mais.
é amiga! o tempo é isto mesmo ... ficam as lembranças ... amei as fotos ...
ResponderExcluirVocê conseguiu me achar nas fotos???? Duvido. Este texto está mexendo com minha família e com quem participou de tudo isso... às vezes é bom para dar uma sacudida. Obrigada pelo apoio.
ResponderExcluirEu acho q eu me achei, será que sou eu no colo da babá? Se for me avise.bjins
ExcluirGALERAAAAAAAAAAAAAA, ESTE TEXTO SOBRE CASTELHANOS FEZ MUITO SUCESSO, GRAÇAS A DEUS. TEM MUITA GENTE QUERENDO CONTAR MAIS HISTÓRIAS SOBRE COMO TUDO COMEÇOU EM CASTÊ (COMO HOJE É CHAMADA), INCLUSIVE O PORQUE DO NOME BOCA DA BALEIA. MANDEM TODAS AS HISTÓRIAS PARA MIM QUE EU MONTO UM TEXTO LEGAL E POSTO AQUI NESTE BLOG. OK GALERA? ESTOU AGUARDANDO ANSIOSA NOVAS HISTÓRIAS.
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